Um favorito da vida.
Uma das perguntas que mais escuto é justamente essa: qual ou quais são os meus livros favoritos. Para todo leitor inveterado, essa é uma das perguntas mais difíceis de responder - a resposta pode variar com o tempo e com o momento - existem aqueles livros que são paixões momentaneas e existem os que são amores profundos e permanentes.
Desses que são permanentes pois fazem morada no coração e na memória, a lista é longa, mas o que posso dizer é nela, Grande Sertão Veredas certamente consta. Não só porque Guimarães Rosa é dono de uma prosa virtuosa, celebrada mundo afora pela crítica literária internacional; mas também porque me marcou profundamente.
Foi “Os miseráveis”, do Victor Hugo, que me fez decidir cursar Letras. Mas “Grande Sertão: Veredas”, leitura do primeiro semestre do curso, foi quem me fez sentir que eu estava no lugar certo. Quando terminei de ler esse livro tive a sensação de que nunca mais leria algo tão maravilhoso - uma sensação que ainda me assombra até hoje.
O travessão que abre a narrativa do livro nos convida para uma conversa. Essa conversa vai subverter a convenção literária da narrativa cronológica linear, vai nos jogar em meio a realidades que se sobrepõem, nos fazer viajar constantemente entre passado e futuro, vai nos apresentar as diferentes facetas do sertão brasileiro. Só que nessa grande obra da literatura brasileira, tudo é sutileza.
Na verdade, "o sertão é do tamanho do mundo", e ele não passa de uma metáfora poética para falar sobre a diversidade de toda a vida humana, sobre a travessia que é a vida. Inclusive, o título já dá a dica, o "ser-tão" (!) somos todos nós. Todos nós, divididos em nossos conflitos, nossas querelas existenciais, nossas buscas, nossos destinos.
O livro termina não com um ponto final, mas com um símbolo do infinito: ∞. Esse símbolo é ainda outro convite: tudo na vida é ciclo, tudo é releitura. Leia “Grande Sertão : Veredas", e depois leia de novo. E de novo. Cada nova leitura é um novo momento, você já será um outro "ser-tão", e a vida é travessia.
Uma obra desse porte, bonita desse jeito, tem como não ser um dos livros favoritos da vida?
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